Igreja Self Service
- Eli Jr, pr
- 10 de fev. de 2016
- 3 min de leitura

Há algum tempo um amigo contou-me que finalmente havia encontrado a Igreja certa. Este conhecido disse que se sente bem em sua nova Igreja, pois chega, assiste os trabalhos, recebe a palavra, levanta e vai embora. Disse, também, que em sua nova Igreja, ele não conhece ninguém, mas em compensação não se envolve em fofocas, nem dissensões.
Comecei a pensar neste novo estilo de evangelho que temos visto por aí, e cheguei à conclusão de que este tipo de “Igreja Self Service” é o melhor lugar para quem quer viver cristianismo sem cruz.
Veja como é atraente a proposta de você não ter que relacionar-se com outras pessoas, nem superar diferenças e vencer conflitos! Simplesmente ser mais um na multidão, ao invés de ser parte essencial de uma comunidade! Veja como é atraente um culto onde você é abastecido de palavras e atitudes positivistas, e não leva para casa nenhum peso de responsabilidade em mudar o mundo através da sua vida! Atraente, mas perigoso e antibíblico!
O que resumimos, em conceito, como “Teologia da Prosperidade” vai além do que defende a pretensa apologia desta crença em apropriar-se de saúde, bens materiais e proteção divina. O desdobramento desta chamada teologia embala o primórdio desejo humano da manipulação do sagrado, onde Deus é reduzido a um "gênio da lâmpada" para satisfazer nossos desejos.
Além disto, a criação de igrejas baseadas nesta tendência cria um ciclo consumista, onde deixamos de ser comunidade de relacionamentos, passando a ser um balcão de serviços religiosos, e como ressalta Ricardo Gondin: “Quando tratamos os fiéis como clientes, não devemos ficar chateados se eles se comportarem como tal. O cliente está atrás do melhor preço, atrás de novidade, atrás de conforto, atrás de produtos melhores...”
Do outro lado, estão os grupos conservadores que se calam diante da realidade de congregações formadas, em sua maioria, por pessoas provenientes das camadas sociais mais simples e que vivem do duro trabalho cotidiano, com remuneração inadequada.
Estes necessitam de instrução e, principalmente, perspectiva de vida! Ensinar prosperidade à luz de filtros bíblicos e éticos é responsabilidade inegociável de púlpitos que desejam proclamar a verdade toda do evangelho todo.
A prosperidade bíblica aponta para uma perspectiva saudável de vida e inclui quatro conceitos inegociáveis:
1. Equilíbrio: a prosperidade passa por um ciclo inevitável, ou seja: trabalhar, ganhar, gastar menos do que ganhou e poupar para o futuro.
2. Doação: exercício da liberalidade financeira com a obra de Deus e com os necessitados. Se você não pode doar é porque você não compreendeu o papel do dinheiro.
3. Contentamento: uma vida satisfeita em Deus, traduzindo o "Posso todas as coisa nAquele que me fortalece" na vida diária.
4. Legado: é valorização do "Ser" acima do "Ter". Pessoas são mais importantes do que coisas. Mais do que uma casa, um carro novo e saúde física, a prosperidade bíblica aponta para relacionamentos saudáveis e ajustados.
A Igreja de Jesus se contrapõe à "Igreja Sel Service", pois exerce seu papel de educar aquele que pouco recebeu para que não enterre seus escassos recursos, para que tenha sonhos e almeje relevância, para que se dignifique como cidadão.
Ela (a Igreja) também instrui o que muito tem para que coloque o dinheiro a serviço do Reino. Não existe maior projeto de transformação social do que discípulos fiéis espalhando seus dons e recursos para a construção da justiça.
Esta é a prosperidade que deve ser proclamada em alto e bom som. Esta é a melhor forma de dizer não à prosperidade oferecida pelo evangelho da facilidade!
E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra. (2ª aos Coríntios 9:8)
Eli Souza Jr
Ministro Titular da Igreja Batista Memorial
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